MANIFESTO EM PROL DA MULHER NO SETOR DE TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE CARGAS

Em seu último relatório sobre a paridade de gênero, o Fórum Econômico Mundial avaliou que o mundo ainda levará 131 anos para alcançar a igualdade.

E nós não podemos ficar de braços cruzados esperando este tempo passar.

O momento é de união e ações colaborativas, pois precisamos urgentemente unir esforços no sentido de alcançar a tão sonhada equidade de gênero, valorizando a atuação da mulher em todo o ecossistema de transporte e logística.

Hoje é fundamental a parceria entre os órgãos públicos, sejam eles no âmbito legislativo, executivo ou judiciário, e a iniciativa privada para que, todos juntos, possamos construir soluções em busca de um ambiente de trabalho digno, equânime, saudável, respeitoso e livre de qualquer tipo de desigualdade, discriminação, assédio ou violência.

Culturas corporativas inclusivas que encorajam e apoiam o desenvolvimento profissional das mulheres e trazem novas perspectivas de crescimento profissional por meio da inovação, aumentam o desempenho dos negócios, e devem ser a palavra de ordem.

Somente desta forma teremos, como resultado, uma sociedade justa e negócios promissores e sustentáveis.

Para isso, precisamos solucionar algumas questões que prejudicam o acesso e a permanência de mulheres no setor de transporte rodoviário de cargas, atividade tão vital para a economia nacional. 

Temos que:

• Facilitar o acesso à Carteira Nacional de Habilitação (CNH), principalmente para categorias D e E, considerando seu alto custo;
• Proporcionar a capacitação profissional das motoristas recém habilitadas;
• Conscientizar as empresas para que dêem a primeira oportunidade para mulheres sem experiência e, também que flexibilizem as exigências para mulheres com pouca experiência profissional;
• Disponibilizar acesso à constante qualificação e reciclagem profissional voltada para o transporte rodoviário de cargas;
• Manter locais de parada de descanso em rodovias estaduais e federais, embarcadores, recebedores e centros de distribuição de cargas em condições adequadas de segurança e salubridade;
• Realizar campanhas sobre o combate à violência doméstica e suas consequências sociais que influenciam no crescimento profissional das mulheres;
• Realizar campanhas sobre a prevenção e combate ao assédio moral e sexual dentro do ambiente de trabalho;
• Realizar campanhas de sensibilização da sociedade para mostrar que a mulher tem plenas condições e grandes oportunidades de atuação e crescimento profissional no transporte de cargas, mesmo este ainda sendo um setor majoritariamente masculino com 85% de homens atuando;
• Realizar campanhas de sensibilização em escolas públicas, privadas e técnicas para despertar o interesse das jovens pelo setor de transporte de cargas, principalmente para a profissão de motorista na qual elas ainda são apenas 3%;
• Ampliar a presença de mulheres em todas as áreas das transportadoras, mas principalmente, em departamentos operacionais e posições de liderança;
• Ampliar a presença de mulheres em posições de alta liderança, principalmente Conselhos de Administração e Consultivos, onde elas ainda são somente 3%;
• Combater a desigualdade salarial entre homens e mulheres quando se tratar da mesma função, competências e resultados;
• Criar ouvidorias e canais de denúncias que possam receber, e dar encaminhamento para solucionar situações de assédio, violência, falta de segurança e falta de infraestrutura adequada nas empresas e estradas.

A atração, retenção e crescimento profissional das mulheres será pauta obrigatória e recorrente para todos os signatários deste Manifesto, até que seja possível observar uma verdadeira transformação no setor de transporte rodoviário de cargas, para que elas tenham oportunidade de atuar em um ambiente seguro e promissor.

Brasília, 05 de setembro de 2023.

ANTT -  Agência Nacional de Transportes Terrestres

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