Pouco antes de produzimos este documento, a coalizão Netanyahu/Gvir/Smotrich fez aprovar a primeira das leis que visam acabar com o Poder Judiciário, colocando em risco a democracia e os valores que sustentam o Estado de Israel até aqui. 

A este respeito as principais lideranças israelenses têm se direcionado às multidões nas ruas, a exemplo dos mais de 100 mil que marcharam de Tel Aviv a Jerusalém, e proclamado alertas, como:

 

Vocês estão destruindo o Estado de Israel e o Povo Judeu! Vocês nos prometem que Israel será eternamente um Estado racista, ocupante e violento... 

Vocês nos prometem que Israel será para sempre um país obscuro e atrasado. Vocês nos prometem o pesadelo...

Vocês não estão destruindo apenas o Estado de Israel, mas todo o povo judeu.

São trechos de pronunciamento do historiador Yuval Noah Harari diante de um mar de manifestantes com bandeiras de Israel em punho aglomerados na Avenida Kaplan, centro de Tel Aviv. 

A seguir, uma nova advertência surgiu desta vez vinda do ex-primeiro-ministro israelense Ehud Barak:

“Já não é mais possível reprimir o fato de que, como uma doença autoimune, as forças diretoras por trás da planejada supressão da legalidade estão atacando as fundações da democracia, de dentro do governo e sabotando o bem-estar de todos os israelenses. Somente alguém que é cego, ingênuo ou perdeu seu senso moral poderia falhar em enxergar os interesses pessoais de réus e condenados criminosos, os apetites de um segmento ganancioso da sociedade e as ambições por uma visão obscurantista, racista e messiânica que se esconde por trás deste ataque”.  

As manifestações de centenas de milhares levaram uma das mais atuantes entidades internacionais, a J-Link, integrada por mais de 40 organizações judaicas em cinco continentes, a lançar uma carta aberta direcionada ao presidente Herzog, na qual nos apoiamos ao afirmarmos: 

A democracia israelense está em perigo existencial. O atual governo não é uma transição normal de poder entre diferentes partidos, como deveria ser numa democracia parlamentar. É um golpe para mudar o regime. Os limites à autonomia do Tribunal Supremo e a subjugação do Poder Judiciário ao Poder Legislativo visam perturbar os fundamentos de uma democracia liberal: separação e freios e contrapesos entre poderes.

Além disso, uma democracia é definida pelo respeito aos direitos das suas minorias. Os fundadores de Israel cuidaram disso, inscrevendo na ‘Declaração de Independência’ que o novo Estado garantiria "completa igualdade de direitos sociais e políticos a todos os seus habitantes, independentemente de religião, raça ou sexo".

No entanto, os membros da coalizão de governo multiplicam suas declarações racistas, os procedimentos e declarações dos dirigentes da coligação preveem a extensão do direito civil israelense à Cisjordânia Ocupada, o que equivale a Anexação. Decisões recentes de construção de milhares de unidades habitacionais em assentamentos confirmam isto.

A Paz e as chances de superação do conflito através da Solução de Dois Estados estão severamente ameaçadas, pela intenção explícita desse governo de permanecer nos Territórios para sempre.

Diante deste panorama perigoso, nós, integrantes da comunidade judaica brasileira, decidimos nos mobilizar em atenção aos alertas de Harari, Barak, à carta ao presidente Isaac Herzog e ao clamor das centenas de milhares de cidadãos israelenses e – ao sair às ruas do Brasil, neste lugar que tanto nos exigiu para a reconquista da democracia – mostrar nosso apoio ao esforço gigantesco para evitar a destruição de Israel e dizer basta ao dano que ameaça se estender aos judeus e aos amantes da paz e da democracia no mundo inteiro. 

Ao assinarmos o presente chamado, convidamos todas as correntes judaicas e suas instituições associativas, de ensino, estudantis e religiosas a, junto conosco, realizarmos um ato público – sob a consigna simples e direta de DEMOCRACIA – que, com certeza, repercutirá de forma favorável e mobilizadora por todas as demais comunidades da América Latina e em Israel.

Como já disseram uma vez e para sempre os combatentes dos guetos, insurgentes diante da barbárie, vamos deixar clara a nossa presença: Estamos Aqui!

Data para Ato em SP: 06/08, 10h30 - Praça Ester Mesquita

Data para Ato no RJ: 27/08, 10h - Praça Shimon Peres, Copacabana

Ponto de Encontro: Praça Shimon Peres - Copacabana (Estação Metrô Siqueira Campo - Saída Figueiredo Magalhães)

Assinam essa Convocatória as seguintes Instituições da Comunidade Judaica Brasileira:

- Amigos Brasileiros do PAZ AGORA - PAZ AGORA BR

- Avodá-Ameinu Brasil

- Meretz Brasil

* Para incluir a sua Instituição, envie mensagem para o Organizador